quinta-feira, 6 de outubro de 2011

GR22: Figueira de Castelo Rodrigo - Marialva - Linhares da Beira


























































GR 22 – GRANDE ROTA DAS ALDEIAS HISTÓRICAS (CASTELO RODRIGO – LINHARES DA BEIRA)

Resumo do dia:

95,9 Km percorridos

Em: 6,25 Horas

Com 1,33 Horas de paragem

Velocidade média: 14,9 Km

Aproveitando os fundos comunitários, nomeadamente através do FEDER – Fundo Europeu para o Desenvolvimento Regional, dos II e III Quadros Comunitários de Apoio, através das iniciativas INTERREG II e III, o Governo da República apresenta em 1991 o Programa das Aldeias Históricas de Portugal (PAHP). São incluídas naquele Programa Almeida (vila), Castelo Mendo, Castelo Novo, Castelo Rodrigo, Idanha-a-Velha, Linhares da Beira, Marialva, Monsanto, Piódão e Sortelha .

Embora constando do Programa mas não classificada como tal, Castelo Bom, na área do Município de Almeida, viria também a beneficiar desta iniciativa.

Em 2003, já em plena vigência do III Quadro Comunitário de Apoio, são incluídas no Programa Trancoso e Belmonte.

Constituiu objectivo principal daquela iniciativa a revitalização daqueles centros rurais, mediante a execução de um plano global de intervenção, onde se projectavam cenários de atracção e fixação de população.

Nas acções desenvolvidas coube a recuperação e reconstrução de edifícios, infraestruturas, requalificação de espaços públicos e monumentos, melhoria das acessibilidades e dinamização cultural. Tudo isto com o propósito de viabilizar novas iniciativas na área do turismo nas Beiras Interior e Norte.

É assim que, integrado naquele Programa, o INATEL, em parceria com a ex-CCRC – Comissão de Coordenação da Região Centro, compila a Carta de Lazer das Aldeias Históricas (CLAH). Este documento editado em vários formatos (papel e digital) teve como objectivo transmitir aos potenciais utilizadores um conjunto de informação na vertente cultural, desportiva e de lazer de forma a permitir a fruição de todo o património histórico-monumental e natural das áreas envolvidas.

É, pois, dentro destas iniciativas que surge a Grande Rota das Aldeias Históricas ou GR 22.

Criada em 1999 e inaugurada em 2000, era à data a mais longa rota pedestre homologada marcada em território português. É uma rota circular que une as “Aldeias Históricas” (Almeida, Castelo Mendo, Castelo Novo, Castelo Rodrigo, Linhares da Beira, Marialva, Monsanto, Piódão e Sortelha).

A GR 22 atravessa 16 municípios, 52 povoações e três áreas protegidas (Parque Natural da Serra da Estrela, Parque Natural do Douro Internacional e Reserva Natural da Serra da Malcata) e o seu itinerário está marcado e sinalizado com a Marca da Homologação atribuída pela FCMP - Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal.

É identificada pela sigla GR (Grande Rota), seguida do Número de Registo (22), e está sinalizada no terreno com marcas de cores vermelha e branca. Marcas estas que estão colocadas ao longo de todo o itinerário em locais tão diversos como arvores, postes de iluminação, paredes, pedras, só sendo admissível o uso de postes como suporte das mesmas quando tal se revelou como sendo a única solução.

É uma das maiores aventuras de BTT que se pode fazer em Portugal. É uma rota com cerca de 540 Km de puro e duro “mountain biking”.

É a rota com que todos os puristas do BTT sonham mas que só alguns se atrevem a realizar.

A GR 22 tem um traçado espectacular no entanto sente-se que está a precisar de manutenção que deve passar sobretudo por uma remarcação, pois nalgumas partes do percurso a sinalética pura e simplesmente desapareceu e noutras apresenta um desgaste bastante acentuado.

Por isso, na sua realização aconselha-se uso do GPS como auxiliar de navegação.

Atenção aos “Tracks” que vão aparecendo na NET. Grande parte deles apresenta grandes deficiências e traçados incorrectos.

Para esta incursão pela GR 22 compareceram três bravos: Eu, o Luís (Chapeiro) e o Bastos (Repórter).

Objectivo: Chegar a Linhares da Beira.

Nesta aventura contámos, ainda com a prestimosa colaboração do Ricardo Santos, que foi o homem da logística, pois foi ele que se encarregou de nos assegurar o transporte na viagem de regresso e ainda nos garantir o almoço a horas impróprias para tal, pois chegámos ao restaurante, localizado na Carrapichana às 16,00 horas.

A logística montada também não permitia mais, pois apenas garantíamos lugar na viatura para três ou quatro praticantes da modalidade.

Conforme previamente combinado saímos de Figueira um pouco depois da 8,00 horas, rolando por alcatrão e sob temperatura algo elevada para esta época do ano, em direcção a Freixeda do Torrão, com passagem por Vale de Afonsinho e daqui para Cidadelhe, onde na descida para o Rio Côa apanhámos o trilho.

Podíamos tê-lo apanhado logo em Castelo Rodrigo de onde seguiríamos até à Marofa (Ronca), descendo depois até à Freixeda, mas como tínhamos perto de 100 Km para fazer num só dia decidimos, e bem, seguir por estrada até ao rio Côa, onde convergimos com a Rota.

Em menos de duas horas já estávamos em Marialva.

Esta parte da GR 22,até Marialva, já a tinha efectuado pelo menos três vezes, com uma particularidade: De Cidadelhe até ao Juízo nunca tinha acertado com o trilho original. Falhavam-me sempre algumas marcações na zona da ribeira. Desta vez conseguimos o pleno em todo o trajecto.

De referir, ainda, que imediatamente antes de Marialva, a nova configuração do IP2 com perfil de auto-estrada veio alterar o traçado da GR 22. Nós optámos por virar em direcção a sul onde tomámos a passagem superior até à outra banda… Por ventura haverá outras possibilidades que não explorámos.

Em Marialva foi a miséria das misérias: Nem um bar/café a funcionar. Poderíamos tê-lo conseguido mas teríamos que nos deslocar ao núcleo antigo da aldeia a uns bons dois km acima …

Reabastecemos de água e seguimos em direcção ao Rabaçal onde, com alguma dificuldade lá conseguimos localizar um café/padaria (assinalado no treck), onde tomámos uns refrescantes “cai-bem” e sentimos o cheirinho do pão acabado de cozer. Local assinalado em futuras deslocações.

Aqui fizemos o nosso primeiro reforço alimentar sólido. Lá queimámos a primeira sanduíche de presunto…

Depois de retemperados, sempre em plano inclinado ascendente, seguimos em direcção às Moreirinhas onde sentimos alguma dificuldade em reabastecer de água potável.

A partir daqui e relativamente próxima, avistávamos à nossa esquerda uma urbe que nos parecia ser Celorico da Beira. Puro engano conforme viríamos a constatar mais adiante quando chegámos a Castaide, onde atravessámos a EN 226 e vimos a sinalética.

Após Trancoso começaram a aparecer as longas descidas.

Em Rio de Moinhos deparámo-nos com uma “Carina” enfiada num belo fio dental a apanhar banhos de … praia.

O interior serrano tem destas coisas!...

A partir de Venda do Cepo iniciámos uma “looooonggggaaaa” descida, extremamente rápida, de piso bastante irregular e agressivo que nos iria conduzir, por um extenso vale, até à Muxagata e daqui até à A25 bem junto ao rio Mondego, que transpusemos no açude.

A partir daqui o Bastos ficou sem pilhas!...

Pura e simplesmente deixou de funcionar.

Não que estivéssemos muito longe do nosso destino só que já eram muitos km nas pernas. Até chegar à Carrapichana foi sofrer a bem sofrer.

Eu nunca tinha visto o Bastos assim… até o apetite perdeu!

Pelas 16,00 horas e com 95 Km nas pernas chegámos finalmente à Carrapichana e ao restaurante “Escorropicha Ana” onde já se encontrava a Ricardo à nossa espera.

Fomos atendidos pelo Marco que pacientemente nos serviu um belo naco de carne (posta).

Aqui outras “estorias” haveria para contar, mas em apenas sairão em “off the record”.

Depois de bem comidos e bem bebidos regressámos a Figueira.

Voltinha espectacular a exigir muito boa condição física.

Ainda não foi desta que consegui chegar a Linhares da Beira!

De realçar que em todo o trajecto não tivemos um único percalço. Ausência total de furos, quedas ou quaisquer avarias.

Percurso a realizar, preferencialmente nos meses de verão, pois transpõem-se muitas linhas de água, de que se salienta o açude do Mondego, que se me afigura ser impossível de transpor com um elevado caudal.

Este trajecto pareceu-me extremamente exigente em termos físicos, no entanto o que mais me custou foi suportar a elevada temperatura do dia. Deveríamos ter saído pelo menos uma hora mais cedo.

Atenção à reposição de líquidos. Nunca deixe esgotar a água no cantil.

Fica o perfil e o track do percurso (editado).


Texto:

Carlos Gonçalves

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