domingo, 4 de setembro de 2011

btt GR_14 Senderos del DUERO dia 4 de Setembro de 2011. Figueira de Castelo Rodrigo - Barca d´Alva




btt GR_14.1 Senderos del Águeda dia 4 de Setembro de 2011

GR 14.1 – SENDEROS DEL AGUEDA

Descobri este fabuloso trilho já lá vão 4 ou 5 anos, por mero acaso. Uma noite em conversa de café alguém falou numa Ponte dos Franceses, junto a Porto Seguro, em Espanha, a que apenas se acederia a pé e com muito esforço.

A descrição que me fora feita deixara-me deveras curioso, pelo que daí até à sua descoberta foi um “ai”.

Num belo domingo, bem cedo, coloquei a minha velhinha GIANT (que já se finou) no tejadilho do PANDA e aí vai ele até Escarigo à descoberta da Ponte dos Franceses.

Partindo de Escarigo, por alcatrão até Porto Seguro e daqui, seguindo as marcas da GR 14.1, entretanto descoberta, segui até à famosa Ponte.

O trilho começa imediatamente no terminus do povoado e é vertiginoso. Tão vertiginoso que nem me atrevi a percorrê-lo montado. O zig-zag constante e a inclinação, aliados à perigosidade do terreno assim o ditaram.

E como ia sozinho …

Chegado à “Puente de los Franceses” fiquei extasiado com a beleza da paisagem. Daí ainda me atrevi até San Felices de los Gallegos, onde efectuei breve visita ao seu núcleo histórico e ao Museu do Azeite.

A façanha foi mais tarde repetida com o Tó Zé e o Bastos. E foi tão entusiasmante que, uma vez chegados a San Felices decidimos “arrepiar caminho” até Barca de Alva seguindo as marcas do “Sendero”. E que trilho nós descobrimos! De Hinojosa até à Fregeneda o trilho é fenomenal, e a chegada a Barca de Alva é um regalo para a vista.

No ano seguinte decidi partilhar este percurso com um grupo de amigos e aí sim foi a êxtase total. Os amigos repetiram com outros amigos e estes com outros amigos … e assim se tornou conhecido este espectacular Sendero. Só não é repetido mais vezes porque, para além da sua extensão de aproximadamente 80 Km, implica alguma logística, boa condição física e uma dose q.b. de loucura.

Um trilho para os puristas do BTT.

Já o percorri na sua totalidade umas quatro ou cinco vezes.

O Tiago Lages, este ano, na época das Amendoeiras, registou a sua passagem pela Puente de los Franceses no vídeo que aqui partilho:

tiagussbtt.blogspot.com/2011/02/amendoeiras-em-flor-2011.html

Este ano a realização do Sendero já esteve agendada para meados de Agosto, porém por motivos alheios à nossa vontade teve que ser adiada. O S. Pedro brindou-nos nessa noite com uma valente trovoada e o pessoal cortou-se!...

Entretanto o Pedro Alcides (Contador) apareceu com uns familiares (Filipe e Nuno), profissionais da modalidade e lá fui eu repetir o Sendero no passado domingo. Para mim com algum prejuízo pois o meu GPS soltou-se do suporte nos famosos singletracks que ligam Hinojosa à Fregeneda. Com a violência do impacto desfez-se completamente e ainda perdi o cartão Micro SD que lhe estava acoplado e que continha as gravações dos tracks por mim realizados.

Repetido no domingo, com a brigada “GIANT”. Tal como combinado à hora prevista apareceram sete bravos: Carlos, Luís, Condesso, Nuno, Bastos (o repórter), Pedro Tondela e o Bruno Russo (infiltrado). O dia amanheceu muito nublado e fresco, a impor alguns cuidados com as vestimentas, mas foi melhorando ao longo do dia, tanto que quando chegamos a Barca de Alva o sol raiva e temperatura não deveria andar muito longe dos 30 graus.

A saída da Vila deu-se pelo lado sul, contornando Castelo Rodrigo, em direcção à Barragem de Santa Maria de Aguiar, seguindo-se depois Almofala, onde se deu o primeiro incidente: O Condesso e o Luís, após a Barragem, adiantaram-se um pouco em relação ao restante grupo, com o intuito de tomarem o café matinal em Almofala, só que eu para evitar a monotonia do alcatrão até à Boiça tinha delineado um percurso alternativo que nos levaria directamente ao trilho que liga a Porto Seguro (Espanha), transpondo o Rio Chico (que serve de linha de fronteira entre Portugal/Espanha) no mesmo local por onde já tínhamos passado na Maratona de Almeida, evitando assim a passagem por Almofala, Escarigo e La Bouça (Boiça, para os portugueses). À entrada de Almofala ainda esperamos uns minutos pelos dois que iam adiantados, julgando nós que assim que sentissem a nossa falta viriam no nosso encalço. Puro engano. Ainda tentamos contacto via telemóvel: O do Condesso nem sinal dava e do Luís chamava, chamava …mas nada de atender. O Nuno ainda lhes moveu uma perseguição só que não os consegui localizar.

Tal como delineado nós seguimos o trilho até Porto Seguro.

Mais tarde lá os conseguimos contactar via telemóvel, tendo marcado o reagrupar em Porto Seguro, onde já estavam quando nós chegamos.

A descida até à Ponte dos Franceses é vertiginosa e gera sempre alguma tensão no grupo.

Desta vez o Luís, com o intuito de nos ver descer agrupados, resolveu antecipar a saída de Porto Seguro, só que como é mais cauteloso a descer, acabou por não conseguir alcançar o objectivo já que chegamos todos juntos.

A paisagem, vista da Ponte dos Franceses, é assombrosa. E ver descer os “bttistas” provoca sensações únicas, pois o ziguezaguear constante, aliado às cores da sua indumentária, torna o momento único.

Uma vez chegados à Ponte é vê-los encostar as bikes aos muros,descomprimir e “verter águas”. É, também, chegada a hora do primeiro reforço alimentar sólido: Lá se vai a primeira “sandocha” de presunto. As do Luís são soberbas!...

A subida até San Felices de los Gallegos foi feita, em boa parte, de forma apeada, dada a dureza e declive do trilho.

Por norma a chegada a San Felices coincide com a hora da missa e desta vez também não a falhamos.

Tirada a fotografia da praxe seguimos em direcção a Ahigal de los Azeiteros, onde reabastecemos de líquidos e alguns ainda executaram um belo número numa pequena calçada mesmo em frente ao fontanário e que o Bastos imortalizou em duas belas fotos.

A partir daqui o Bruno começou a evidenciar sinais preocupantes de fadiga.

No topo da subida, numa encruzilhada, merece visita um belo chozo (cardanho aqui nas nossas bandas), que mais não é do que uma pequena construção tradicional, circular, em pedra (xisto), que em tempos idos servia de abrigo a pessoas e animais. Vale a pena pular a cerca para apreciar esta bela construção.

Daqui até Sobradilho foi um pequeno salto.

Nunca deixamos de avistar a “nossa” Serra da Marofa, com as suas antenas bem visíveis, mas depois de passar por Ahigal ela parece ficar mesmo ao nosso lado, separando-nos apenas as arribas do Águeda. A escassos quilómetros podemos ver toda a parte nascente do concelho de Figueira: Almofala e a capela de Santo André, Mata de Lobos, Escalhão, a sede de concelho; Figueira, Castelo Rodrigo, e toda a cordilheira formada pelas serras da Vieira, Freixeda e S. Marcos (Penha).

Chegados a Sobradillo é hora de atacar umas “San Miguel” acompanhadas de uns “pinchos” (petiscos variados, tais como dobrada, rabo, orelha, lombos de sardinhas em molho de escabeche, etc., servidos em pequenos pratos e que se destinam a acompanhar a bebida). Estes momentos geram sempre algum alvoroço entre a rapaziada. Convívio puro. Momentos de confraternização que tornam o BTT numa actividade única.

Aqui o Bruno ainda ensaiou um percurso alternativo, pois evidenciava sinais de desgaste físico, no entanto acabou por seguir viagem integrado no grupo até Hinojosa.

Deixada Sobradillo seguimos em direcção a Hinojosa de Duero onde enfrentámos alguns singletracks e acompanhámos bem de perto algumas belas manadas de bovinos, vindo inclusivamente a misturar-nos com uma delas. Passada a curiosidade inicial do sucedido, a atrapalhação foi mútua.

Largado o Bruno, que seguir por alcatrão até Barca de Alva, seguimos até Hinojosa, por largo estradão. Aqui apanhamos a GR 14 (Sendo do Douro).

De realçar as marcas destes “Senderos”. Vamos encontrando vários ao longo de todo o itinerário.

A partir daqui começaram os problemas para mim: Primeiro uma queda, daquelas estúpidas. Daquelas que acontecem por excesso de confiança. Uma má e descontraída abordagem de um pequeno obstáculo e eis o Carlos a beijar o tapete!...

Bem, depois é que foram elas: Um grande corte no pneu de trás, com dois a três cm de extensão, de que resultaria um grande estouro da câmara-de-ar.

Lançado o alerta a mobilização foi geral, com excepção do Nuno que por já estar junto à ponte ferroviária não inverteu o trajecto, com muito engenho e alguma arte lá conseguimos remediar o problema com uma câmara nova e enrolando a câmara rebentada de forma a fazer uma “chumaceira” no interior do pneu. Ainda não foi desta que fiquei apeado.

Com mais que muitas cautelas lá consegui chegar a Fregeneda, seguindo depois por estrada até Barca de Alva.

Bem aqui o trilho tem tanto de fantástico como de perigoso. Percurso trialeiro a exigir muita destreza e coragem ao tripulante aliado a muito esforço à maquina.

É daqueles trilhos que se amam ou se detestam. Não tem meios-termos.

Só aqueles que já por lá circularam podem definir as emoções que sentiram naqueles breves mas intermináveis minutos.

Uma vez chegados a Fregeneda, os não avariados seguiram até Valicobo, deliciando-se com as rápidas descidas e não menos soberbas paisagens, até ao cais de Veja Terrón (foz do Águeda), terminado em Barca de Alva no “Cantinho da Cepa Torta” onde eu e o Bruno os esperávamos para mais um belo repasto regado com muita “Sagres”.

P`ro ano haverá mais.

texto: Carlos Gonçalves

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